sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Dois dedos de Senhor dos Anéis, uma pitada de Star Wars e uma xícara de Pokemón.

Nunca acreditei e nem tive paciência para aquelas comparações que constantemente são feitas no mundo do futebol que dizem: fulano é o novo Pelé, sicrano é o novo Maradona. Acho desnecessário, sensacionalista e pretensioso.

Mas uma coisa eu posso dizer: existem pessoas que buscam se espelhar em grandes ícones de sua área de atuação, isso tem. E muitas vezes conseguem se igualar a aquele que os inspirou.

Eragon é um livro que claramente bebeu das fontes certas!

A história se passa em um mundo imaginário, mais precisamente no continente de Alagaësia que durante séculos abrigou uma ordem de cavaleiros e seus respectivos dragões que zelavam pela ordem e pela justiça.

Até aí, nada demais. Contudo a forma como o enredo vai nos apresentado a história de Alagaësia e a narrativa da queda dos cavaleiros é instigante. O leitor vai crescendo na história junto com o personagem principal - Eragon.
Um pobre humano que vive em uma pequena cidade chamada Carvahall, uma das poucas que não venera o imperador Galbatorix.
Eragon encontra uma pedra preciosa enquanto cassava na Espinha, uma cadeia de montanhas ao norte da cidade. Viria ele posteriormente saber que esta era na verdade um ovo de dragão, o primeiro a eclodir em um século, desde que o antigo cavaleiro Galbatorix se levantou contra a ordem dos cavaleiros e dizimou todos os que não se aliaram a ele.

Muitos personagens cheios de mistérios e intencionalidades escusas passam pela vida de Eragon a partir de então. Desde o sábio Brom, ao jovem Murtag - filho do primeiro aliado de Galbatorix. Do rei dos anões Hrothgar até a elfa Arya.
Além, é claro do dragão, uma fêmea chamada Safira, que diferentemente de um pokemón tem emoções muito fortes, opiniões claras e até mesmo medo que são comunicados por meio da ligação mental entre ela e Eragon - por sinal acredito até que o livro poderia se chamar Eragon e Safira, pois esta é tão importante quanto ele na narrativa, pois também passa por um processo de aprendizado.

Os povos de Alagaësia são um show a parte.
Respeitando grandes pontos presentes na obra de Tolkien, mas se permitindo ousar na narrativa, Eragon nos apresenta um povo anão majestoso e poderoso, cheio de famílias nobres e irritadiças, mas com uma grande sensibilidade para as artes,morando em cidades que vão desde construções majestosas, até vilas onde um humano mal cabe dentro.
Soa esquisito apenas o fato de anões navegarem e montarem sem muitos problemas.
O povo élfico fica para o post do segundo livro.

Eragon também se destaca dos demais por ter um herói muito fraco, com deveria realmente ser. Um jovem, recém saido da adolescência que não consegue controlar bem seus poderes e nem tem muitos mestres disponíveis para isso, uma vez que o último cavaleiro vivo é seu inimigo. Em um mundo marcado pela onipotência do superman, encontrar heróis frágeis e cheios de dilema é muito bom!
Outro ponto interessante é o fato de Eragon ser extremamente teimoso e que os problemas não se resolvem com um simples passe de mágica, essa por sinal é um dos pontos fortes do livro - a magia consome a energia de seu praticamente, sendo importante que ele tenha mais auto-conhecimento sobre a sua força do que apenas ter um objeto mágico ou conhecer as palavras corretas.

Por fim, é interessantíssimo perceber como a vida de um herói pode ser complicada, pois Eragon passa a ser alvo de uma disputa de lealdades entre os Varden -uma ordem humana que combate o imperador Galbatorix - várias famílias de anões, cada uma com seu interesse específico, e os elfos. Sem contar na constante preocupação de Eragon com sua terra natal - alvo de bons capítulos no segundo livro - e o interesse do imperador em tê-lo ao seu lado

Eragon é uma boa leitura e um bom aprendizado!
Para além de toda a magia e encanto, é um garoto se tornando homem e assumindo todas as responsabilidades que isto implica.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sobrenatural é uma família de sacis no planalto central

 Olá, é a primeira vez que eu posto aqui e espero que eu me saia bem. Para começar, resolvi comentar sobre uma série de TV que há tempos existe (desde 2005, mais precisamente) e que eu não dava nada por ela. Estou falando de SUPERNATURAL , uma série da Warner Bros que foi transmitida aqui no Brasil pelo SBT com o nome de SOBRENATURAL. 

A série conta a história de Sam (Jared Padalecki) e Dean (Jensen Ackles), dois irmãos que são experts em caçar demônios, bruxas, vampiros e outros seres sobrenaturais e de lendas urbanas. Munidos com armas, água benta, livros religiosos de várias religiões e outros apetrechos, os irmãos cortam os EUA em um lindo e invejável IMPALA 67 preto à procura de John (Jeffrey Dean Morgan, esse cara parece o Javier Bardem), seu pai desaparecido e do ser sobrenatural que matou sua mãe. Nesse ínterim eles vão auxiliando pessoas que sofrem com atividades paranormais.
Os problemas aparecem e são solucionados no mesmo episódio. São casos que envolvem típicas histórias estadunidenses conhecidas como o Wendigo, Blood Mary, casas mal-assombradas, o homem com a mão de gancho e o espantalho. Me peguei pensando até como seria um episódio de SUPERNATURAL no Brasil. Será que eles iam fazer um episódio no estilo Vida Selvagem e bater atrás da mula sem cabeça, do saci e da caipora nas cidades do interior ou fariam parte de uma CPI que investiga os aparacimentos de funcionários fantasmas que assombram o Planalto Central e as prefeituras de todo o país? Essas histórias sim iriam deixar os protagonistas de cabelo em pé.
Nunca me apeteceu séries com a temática sobrenatural. Antes de conhecer achava que esta seria mais uma série do tipo Buffy – A caça vampiros ou Angel – Seu namorado vampiro whatever onde os protagonistas se envolvem amorosamente, caçam seres estranhos e todo mundo fica feliz e dorme tranqüilo no final. Mas não, o que me chamou atenção na série não foram os efeitos visuais (lembre-se, a série é de 2005 e tinha um orçamento baixo), mas duas coisas. 1- O ar investigativo que existe. Os protagonistas não esbarram aleatoriamente em fantasmas, eles procuram dia-a-dia em jornais, casos estranhos que ocorreram e vão investigar em bibliotecas e hemerotecas ou ainda com os moradores as histórias locais. Isso tudo não lembra Arquivo X? Quem curtiu muito e acompanhou a dupla Mulder e Scully no final dos anos 90 como eu, vai assistir com saudosismo essa série. Tudo bem, hoje em dia houve um boom de séries investigativas e até com outros temas como doenças (vide a série House) mas é aí que entra o meu segundo motivo: 2- família.
A família é o papel de fundo da série. Tudo começa e termina nela. A motivação dos personagens vai para além de vingança, parte para a compaixão. Uma das motivações dos irmãos é evitar que outra família passe pela mesma dor que eles passaram.
Como toda família, os personagens tem problemas de relacionamento, de brigas banais por coisas fúteis até discussões sobre o futuro e a vida de cada um. Sam quer vingar a morte da mãe, voltar para a faculdade e ter uma vida normal longe de fantasmas e demônios. Já Dean quer juntar novamente a família e juntos voltarem a caçar seres como em sua infância.  Os irmãos, mesmo sendo e tendo motivações diferentes, e por vezes passarem maus bocados por conta de brigas entre si (o que é comum em qualquer relação com irmãos), eles se cuidam e percebem a necessidade que um tem do outro.
Cheguei ao fim da primeira temporada e vi toda a parada sobrenatural como uma metáfora dos problemas familiares. Todos os dias todo mundo trava alguma luta familiar, seja contra os fantasmas do passado, os demônios interiores que magoam mães e filhos com palavras, as demoníacas sanguessugas tabagismo e alcoolismo, os espíritos malignos da incompreensão e da falta de diálogo, as entidades malignas stress e corrida pelo dinheiro que destroem bons momentos em família, os monstros da pedofilia e da agressão física ou contra as bruxas das feridas psicológicas e da falta de carinho. Seres que nenhuma arma daquele Impala preto possa surtir efeito.
Enfim, SUPERNATURAL vai agradar ainda os fãs do bom e velho rock. A trilha sonora é cheia de músicas conhecidas como: Back In Black do AC/DC, Paranoid do Black Sabbath, I Can’t Stand It de Eric Clapton e muitas outras de várias bandas. Vale dar uma conferida nessa série que está há muito tempo no ar e que faz muito sucesso lá fora.
Atualmente, SUPERNATURAL está na sua sexta temporada e pretende continuar fazendo dinheiro.

Ps.: aos que assistiram Watchmen e virem SUPERNATURAL: agora nós sabemos para onde o comediante foi depois de voltar da guerra do Vietnã.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Os bastidores do mito

O cronista Paulo Barreto ou "João do Rio"
Um apurado e bem escrito documento da trajetória e das produções do cronista e repórter Paulo Barreto. É o que se pode dizer do livro "João do Rio, vida, paixão e obra", do pesquisador carioca João Carlos Rodrigues.

A obra é uma reedição revista e ampliada de uma biografia lançada pelo autor na década de 90. O disquete com os originas se perderam e então João Carlos iniciou um árduo trabalho de reescrita do antigo texto apenas digitalizado. A produção acabou dando origem a uma nova obra, apenas essencialmente semelhante à primeira: muito mais detalhada e com novas informações, conseguidas em anos de pesquisa perene.
O contato de João Carlos com as produções de Paulo Barreto começou com o livro "As religiões do Rio". Interessado em conhecer João do Rio para além dos livros, João Carlos Rodrigues procurou seus escritos na Biblioteca Nacional e lá percebeu que, por muito tempo, haveria de retornar ao prédio.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Eduardo Spohr, o mais novo nerd bem sucedido

Até onde você conhece, diz-se que Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo, correto? Sim, mas o que aconteceu na terra enquanto o Divino dormia? Essa inquietante questão motivou a escrita de “A batalha do Apocalipse”, de Eduardo Spohr, um dos autores brasileiros que mais vendeu nesses últimos meses. Quinto lugar na lista de mais vendidos da revista Veja desta última semana, o primeiro livro do carioca Eduardo foi fruto da integração de boas ideias ao universo virtual dos blogs.

“Tudo começou na internet, através do blog Jovem Nerd”, comenta Eduardo. O endereço, criado em 2002, com alguns amigos, servia de ponto de encontro onde debatiam sobre livros, filmes, quadrinhos e RPG. Por este e outro espaço virtual ( seu blog pessoal: Filosofia Nerd), passaram toda a trajetória de produção do livro, que surgiu de um verdadeiro misto de preferências e experiências pessoais do autor.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Resenha de "Sombra - o senhor das trevas"

Postado por Mayara de Araújo

Livro de fácil leitura, daqueles que você leva pra ler numa fila de banco ou à espera de uma consulta médica. O enlatado norte-americano conta a história de um misterioso justiceiro, caçador de bandidos, intitulado por seus subalternos de “O Sombra”. O ponto forte da história é a interatividade. A trama é cheia de enigmas e mistérios que o leitor consegue ir tentando adivinhar ao longo da leitura. Alguns enigmas são mesmo de coçar a cabeça, até para amantes de CSI como eu.


A história começa com um homem comum, Harry Vincent, tentando o suicídio. Um misterioso encapuzado, intitulado por ele como “O Sombra”, salva-o das garras da morte e lhe faz uma proposta: já que ele não estava interessado em sua vida, Sombra pedia que Harry a entregasse para ele. Simples assim. É desse modo que Harry se torna mais um agente de O Sombra, encabeçando investigações e enfrentando perigos em nome de seu sombrio patrão, de quem ele sequer sabe o nome. O bom da trama é que Harry tão é um exímio espião, pelo contrário. Quase tudo dá errado e O sombra precisa intervir em diversos momentos (honestamente, se eu fosse o Sombra, já o teria dispensado).


O título é ideal para quem gosta do gênero policial e aos que estejam começando. É excelente para adquirir ritmo de leitura. O autor, contudo, não é nenhuma Agatha Christie. Traduzindo: o texto, no fim das contas, não é esses balaios todos. O maior ponto fraco é o que eu gosto de chamar de “ponta de linha”. Sabe quando uma costureira faz uma peça e deixa cheia de pontas de linha? Então. Não se pode dizer que está perfeitamente acabada, ainda que a roupa possa ser utilizada tranquilamente. O autor peca pelos muitos personagens envolvidos, que acabam tendo seus dramas perdidos ao longo do caminho, e pela própria origem do Sombra, que não é revelada.


No entanto, aqui está o pulo do gato: sequer a história ou o livro são o melhor de “O Sombra”. O interessante é de onde vem o título. O sombra ou “The Shadows” é um personagem criado originalmente para radionovelas da década de 30. Maxwell Grant, que assina como autor, na verdade é um pseudônimo de pelo menos três autores que já escreveram em nome do herói “The Shadow”, conhecido dos quadrinhos dos anos 30. Essa HQ, além de diversas edições, ganhou ainda o livro “Sombra – O senhor das trevas”. Assim sendo, quem quiser, pode ler o livro e depois, para aparar essas arestas, ou – continuando a metáfora – cortar essas pontas de linha, pode procurar os quadrinhos, que aliás devem ser hoje artigos de colecionadores.

Boa Sorte!